terça-feira, 25 de outubro de 2016

Antes discreta, maçonaria admite que influenciou nas eleições 2016 e que pretende continuar


A maçonaria atua na política brasileira há décadas, mas sempre de forma discreta, influenciando nos bastidores. Mas em 2016, como uma resposta ao atual cenário político e social, a organização privada agiu de forma mais incisiva, apoiando candidatos publicamente, incluindo filiados ao Partido Social Cristão (PSC).
O grão-mestre Benedito Marques Ballouk Filho concedeu uma entrevista e afirmou que, apenas no estado de São Paulo, o grupo apoiou 27 candidatos a prefeito, sendo que dez foram eleitos.
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, os maçons consideram que o sistema “não está sadio”, com grande influência da corrupção. Por isso, apoiaram os candidatos a prefeito da capital paulista João Dória (PSDB), vencedor do pleito no primeiro turno; Major Olimpio (Solidariedade); e João Bico (PSDC).
Entre os candidatos a vereador no estado, 147 foram apoiados e 25 venceram o pleito. Nesse cenário, novamente os filiados ao PSDB foram maioria: nove tucanos, três no PSD, PV e PSC, dois do PR e PTN, e um no DEM, PPS e PMDB.
Ballouk afirmou que a maçonaria brasileira, desde 1930, adotava uma postura de discrição na política, mas isso mudou depois que a cúpula da organização chegou à conclusão de que o país está vivendo uma “era de escândalos”.
Em São Paulo, essa mudança gerou o Grupo Estadual de Ação Política dos Maçons Paulistas (GEAP), que se dedica a “avalizar” candidatos que se encaixem nos princípios de ética, probidade administrativa e moralidade pública, defendidos pela maçonaria.
“Apoiamos candidatos em todos os partidos políticos. Até no PT e no PCdoB”,afirmou o grão-mestre, destacando que os políticos precisam também serem defensores da “pátria e da família”.
O processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) não foi unanimidade na organização: “Maçons participaram das manifestações contra a Dilma, mas não representam a maçonaria como um todo. Temos maçons que são monarquistas e até aqueles que defendem o regime militar”, comentou.
O presidente do GEAP, Sérgio Rodrigues Jr., afirmou que a ação da maçonaria na política tem objetivos claros: “Nossa pretensão é substituir, no cenário político, corruptos por pessoas livres e de bons costumes. Não fazemos distinção partidária, uma vez que entendemos que o sistema político não está sadio e isso afeta todos os partidos”.
Segundo os dois, para ser um candidato apoiado pela maçonaria não precisa ser maçom, mas precisa ser indicado, ou solicitar o apoio de maneira formal. Se apoiado, o candidato tem que se comprometer com os princípios de honestidade e se encontrar com grupos maçons para ouvir sugestões e prestar contas, frisaram.

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